terça-feira, 23 de abril de 2013

Menos é melhor

Peças de designer alemão celebradas pelos jovens
   (Foto: Luke Hayes/Design Museum )

Da próxima vez que você tiver em mãos o seu iPod, saiba que ele não nasceu ontem. Ao menos o design já soma quase 60 anos, assim como vários outros produtos da Apple. O rádio portátil T3, de 1958, é a fonte em que essa empresa bebeu para criar um dos seus produtos-ícone. Jonathan Ive, vice-presidente de design da Apple, não esconde a inspiração: Dieter Rams, que acaba de completar 80 anos e usufrui de uma merecidíssima aposentadoria em sua cidade natal: Wiesbaden, na Alemanha.
Usufrui em termos. Como uma espécie de guru de designers de todas as tendências e tribos – lista integrada por Tom Dixon, por exemplo –, ele é ainda assediado por gente interessada em saber como, afinal, ele promoveu sua silenciosa revolução. Nos anos 1950, Dieter Rams mudou as feições do interior das casas, instigado por uma cultura nascente que assumia a tecnologia, pela primeira vez, com total naturalidade. Trabalhando na Braun Electronics, onde entrou em 1954 e saiu como diretor, 40 anos e mais de uma centena de produtos depois, Rams despiu os aparelhos eletrônicos das pesadas caixas de madeira que os ocultavam. Não por acaso, um dos mais icônicos itens da herança do mestre é o SK4 Record Player, criado em 1956 e logo conhecido como Snow White Coffin por sua tampa transparente.
Rádios, alto-falantes, calculadoras e batedeiras saídos de sua prancheta tinham como marca as linhas puras e os tons de branco, preto e cinza, que raramente aceitavam a presença de uma cor mais vibrante – a não ser, eventualmente, um vermelho ou amarelo, sinalizando a função liga-desliga. “Os ‘ismos’ são terríveis: o funcionalismo, o nacionalismo”, afirma o mestre, que conclui: “Mas funcionalidade é importante”.
  (Foto: divulgação)

Arquiteto e designer, Dieter Rams chegou a interromper o curso em Wiesbaden (retomado e concluído em 1953) para se especializar em outra atividade: a carpintaria, ofício que seu avô exercia. A herança genética ficou patente nas peças criadas para a Braun Electronics e logo copiadas pela concorrência mundo afora – prova de que, mais do que um bom desenhista industrial, Rams criou um novo conceito para o design da segunda metade do século 20. A intenção não era desenhar peças lindas apenas. “O design não deve dominar as pessoas, deve ajudá-las.”
Mais lembrado pelos eletrônicos que deram à Braun status de empresa avant-garde, o designer também se aventurou pelo mobiliário. Para a marca inglesa Vitsoe, criou, além de poltronas, um sistema de estantes de alumínio anodizado e prateleiras delgadas que, de 1960, poderia ter sido desenhado hoje. Ou amanhã. Ao lado dos eletrônicos, a peça faz parte do acervo do MoMA. As cópias, ou seja qual for o nome que se dê às peças parecidíssimas com as suas, não o incomodam. Perguntado se a Apple não teria roubado seu desenho, respondeu: “É uma homenagem”.
  (Foto: divulgação)
  (Foto: divulgação)
  (Foto: divulgação)


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